domingo, 30 de junho de 2013

E'tica, Yoga e o mundo corporativo

Em meados dos anos 70, TKV Desikachar fundou a KYM, Krishnamacharya Yoga Mandiram, uma instituição voltada a propagar os ensinamentos de seu pai, T. Krishnamacharya ( 1888- 1989), considerado o maior expoente do Yoga de nosso tempo. Mesmo sendo uma escola pequena, e tendo sido criada em sua homenagem, Krishnamacharya continuou dando suas aulas em sua casa para um numero pequeno de felizardos.
   O objetivo de seu filho, TKV Desikachar, e da KYM era propagar o Yoga como uma filosofia pratica e acessível a todos, enfatizando a importância de adaptar suas inúmeras praticas a capacidade e necessidade de cada individuo. Com o tempo a KYM ganhou popularidade e atraiu pessoas do mundo todo.
   Em meados dos anos 2000, Kausthub, filho de Desikachar, fundou uma nova instituicao chamada KHYF, voltada para os aspectos terapeuticos do Yoga. A KYM e a KHYF eram irmaes e dividiam o praticamente os mesmos prifessores que vinham estudando com Desikachar ha decadas.
   Ha cerca de 3 anos Desikachar vem apresentando um tipo de demencia e por isso deixou de dar aulas. Seu filho Kausthub e os professors seniors assumiram a responsabilidade de continuar seu legado.
   Algunas denuncias de abuso e tentative de abuso sexual vinham sendo dirigidas a Kausthub ha cerca de uns 4 anos e em outubro do ano passado, apos um escandalo internacional a KYM roupeu relacoes com ele e a KHYF. A dezena de professors seniors  que formavam o corpo dessas duas instituicoes se viu pressionada a escolher em trabalhar em apenas uma delas.
   O resultado foi que a grande maioria destes professors acabou se desligando de ambas. Minha professora foi uma delas. Agora a KYM nao eh mais a mesma escola que conheci em 2003 e a KHYF, que mudou de nome para Sannidhi, parece estar distante da etica e valores práticos outrora pregados por Desikachar, inspirados na vida e obra de Krishnamacharya. Os cursos internacionais em ambas estavam ficando muito caros e tenho a impressão de que o calor ja nao era o mesmo.
   Assim, a principal ponte que possibilitava o encontro entre alunos do mundo todo e uma tradicao, representada por estes professors foi desfeita. Isso eh tragico pois alem de limitar ou impedir a continuidade do exelente trabalho que vinha sendo feito, fez com que estes professors praticamente deixassem de trabalhar.
Minha professor que sempre teve a agenda cheia agora atende um ou dois alunos por dia. As vezes nenhum. Do ponto de vista financeiro isso faz uma grande difrenca. Mas o mais caro eh nao poder continuar seu trabalho, que eh sua paixao.
   O belo por tras dessa tragedia eh perceber que estes professors mostraram uma retidao etica ao nao se envolverem com politicagem e nao se identificando com os novos rumos de ambas instituicoes.
   A uniao entre o Yoga e o mundo corporativo nao dah em um bom casamento. Eles possuem eticas e ritmos diferentes. O problema esta tambem nos muitos alunos que procuram instituicoes de Yoga ( todas elas) para conseguirem diplomas e certificacoes. Sangita, minha professor, certa vez me disse que a grande maioria dos alunos vem do outro lado do mundo para ganharem um diploma, nao para aprender. Isso talvez ajude a mudar o ritmo e ordem das coisas.
   Mas curiosamente, parece que os ensinamentos de Krishnamacharya, depois de terem ganhado o mundo através do trabalho sincero de seu filho Desikachar, voltou a ser como no passado. Como ele, agora minha professora e alguns de seus colegas, recebem seus poucos alunos, que buscam aprender e nao ganhar diplomas e certificacoes, em suas casas, longe de qualquer holofote.
   Apesar de tudos os obstaculos possiveis, a essencia do Yoga sempre sobrevivera gracas a sinceridade e etica de pessoas como estas.
   Que seus exemplos sejam uma inspiração para nos.
por favor me desculpem os erros estes teclados nao tem acentos


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