quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Invocação a Patañjali




Patañjali foi o sábio visionário responsável pela principal obra literária do Yoga, o Yogasūtra. A partir deste tratado extraordinariamente elaborado, o Yoga ganhou uma estrutura filosófica e o status de ser uma das seis principais escolas de pensamento indiano. Também é atribuído a Patañjali a autoria do importante comentário sobre a gramática sânscrita, Mahabhashya, e o comentário sobre Ayurveda, a medicina tradicional indiana, chamado Charakapratisanskita. Sabe-se muito pouco sobre Patañjali. Estudiosos acreditam que ele tenha vivido entre os séculos 3 e 2 a.C. 

         O Yogasūtra é um texto prático, mas devido a falta de evidências concretas sobre seu autor, Patañjali acabou ficando conhecido por sua figura  mitológica. Patañjali é associado à Ananta, também conhecido como Sesha, a serpente de mil cabeças. Na cultura indiana a serpente não possui a conotação que a caracteriza na cultura cristã. Segundo a mitologia Hindu, Ananta é o ser que serve de cama para que o Deus Vishnu, o mantenedor, repouse seu corpo.

Uma das lendas sobre sua história fala de uma época difícil em que as pessoas estavam confusas e doentes. Patañjali teria encarnado como resposta as suas orações. Pat significa “o que desce” e añjali refere-se ao formato das mãos unidas em prece.

Na índia antiga, todas as pessoas que traziam luz sobre grandes problemas ou questionamentos, e demonstravam qualidades extraordinárias, eram tidas como seres especiais. A eles eram atribuídas qualidades divinas. Acreditava-se que esses seres mais evoluídos encarnavam entre os que sofriam para elevar o nível de consciência destas pessoas. Patañjali era considerado um destes seres.

Para ressaltar suas qualidades, sua figura mítica é representada como um ser com a metade inferior do corpo na forma de uma serpente branca enrolada em duas voltas e meia, e a parte superior do corpo com o busto na forma humana. A quantidade de braços a mais nas deidades hindus serve para amplificar suas qualidades e portar os inúmeros símbolos que representam suas virtudes. No caso de Patañjali, em suas mãos encontram-se a concha, que representa o som divino, o disco que representa o infinito, e a espada que representa o discernimento. Suas mil cabeças simbolizam as diversas faces da verdade ou a diversidade de seu ensinamento. Assim como consta nas preces que o reverenciam.





yastyaktvā rūpamādyam prabhavati jagataḥ anekadhā anugrahāya
prakṣīṇa kleśaraśiḥ viṣamaviṣadharaḥ 

anekavāktrassubhogi
sarvajāna prasūtiḥ bhujaga parikaraḥ prītaye yasya nityam
devohīśaḥsavovyāt sita vimalatanuḥ yogado yogayuktaḥ


yogenatittasyapadenavācām malam śarīrasya ca vaidyakenām
yopākarottam pravaram munīnām 

patañjalim prāñjalirāna tosmi
abāhu puruṣākāram śankhacakhasidhārinam 

sahasraśirasam śetam
praṇamāmi patañjalim
śrīmate anantāya nāgarājāya namo namaḥ


Àquele que abdicou sua principal forma para se tornar uma encarnação neste mundo, no intuito de purificar a humanidade e diminuir suas fontes de sofrimento (Kleśas).
Ele possui antídotos para tais venenos.
De suas muitas faces e capuzes ele distribui o conhecimento.
Ele é o senhor dentre as serpentes que estão sempre prontas para realizar seus desejos (que é libertar a humanidade do sofrimento), porque ele é eterno (pois seus ensinamentos  são imperecíveis ao tempo), ele segura a luz (o conhecimento).
Aquele que é tranquilo e sem falhas nos protege.
Ele possui o domínio sobre o yoga, ele dá o yoga.



Saúdo Patañjaly, entre os videntes mais elevados, que nos deu Yoga para eliminar imperfeições na mente, o tratado sobre a gramática do sânscrito para eliminar imperfeições na linguagem, e o tratado sobre a medicina Ayurvédica para eliminar imperfeições no corpo. Reverencio-te. 
Eu prostro-me diante a Patanjali,
Cuja parte superior do corpo tem uma forma humana,
Cujos braços seguram uma concha e disco,
Quem é coroado por uma cobra de mil cabeças,
Ó encarnação de Adisesha,
minhas saudações a ti.



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