Atualmente
existem muitos estilos e escolas de Yoga e material literário sobre este tema.
Devido a esta facilidade, milhares de pessoas se envolveram com esta filosofia
milenar. Isto sem dúvida é algo maravilhoso pois até o início do
século XX o Yoga praticamente só existia em lugares remotos e era praticado por
grupos muito específicos de pessoas. Mas é bem verdade que a popularização do Yoga se deu muito mais em relação a
algumas de suas práticas do que em relação à sua essência filosófica. Essencialmente
o praticante de Yoga é aquele que interpreta sua existência através do Yoga e
vê em sua rotina chances de praticar o autoconhecimento e o autocontrole. Um
praticante de Yoga não é necessariamente uma pessoa que dedica algumas horas de
sua rotina para realizar determinadas práticas que, por mais que possuam
caráter espiritual, não interagem com os outros acontecimentos e
ações do dia a dia, e muitas vezes nem geram saúde e paz de espírito.
É comum hoje em dia médicos recomendarem Yoga para seus pacientes relaxarem. Algumas pessoas que precisam fazer atividade
física preferem praticar Yoga a fazer musculação, por exemplo. O fato é que muitas
pessoas praticam o Yoga por diversas razões que não estão relacionadas à sua
verdadeira proposta. Entre algumas que já escutei estão a busca por uma postura
melhor, emagrecer, ocupar o dia com algo saudável, ter um momento de
espiritualidade, dormir melhor, conquistar um método para ensiná-lo, adquirir
poderes místicos ou simplesmente agradar o parceiro ou parceira. Todos
estes objetivos são justificáveis mas, de fato, estariam estas pessoas
praticando a verdadeira proposta do Yoga? Ou ainda, quantos de nós praticamos o Yoga pelo Yoga em si? Entre aqueles que estudam mais a fundo, sem querer é possível mudar o rumo e focar apenas em métodos, formulas, técnicas e certificações.
Podemos
utilizar o Yoga para diversos fins. Não há mal algum em praticar apenas alguns
de seus aspectos. Uma possível questão a se refletir é sobre o cuidado que
talvez devamos ter para não deturpá-lo resumindo-o a certos estereótipos, nem
deixar que seu verdadeiro objetivo fique preso em níveis superficiais. Afinal
de contas, a proposta do Yoga diz respeito à maior de todas aquisições humanas, e não a um tipo de prática ou método.
Filosoficamente,
o objetivo não é a prática, seja ela qual for, nem a conquista de um método, ou
uma das metas citas acima. O objetivo nem é o próprio Yoga. O Yoga é apenas uma
ferramenta para conquistar uma vida mais consciente e harmônica, erradicando
tendências negativas e deixando que o amor, a benevolência e a calma floresçam
para que consigamos alcançar o objetivo.
O
objetivo é a paz, a auto análise, o auto conhecimento e a liberação. É
descobrir, aceitar e cumprir sua meta existencial. Existem inúmeras escolas e
linhagens de Yoga, mas sua proposta é essencialmente a mesma.
Todas elas serão maravilhosas para o praticante se estiverem adequadas e conduzindo-o
ao objetivo final. Não pratique para conquistar um método, pratique para
conquistar a si mesmo. Não incorpore o Yoga para ser melhor que os outros, viva
esta filosofia para ser melhor do que você era no passado.
Viva
o Yoga em sua plenitude e através do Yoga trabalhe para elevar a qualidade de
seus pensamentos e ações. Empenhe-se com sinceridade para se tornar um ser mais consciente, melhor para
você mesmo, para as pessoas que te cercam e para as que habitarão o mundo no amanhã. Pratique
Yoga para obter o Yoga. Mesmo sendo a iluminação, o objetivo final do Yoga, algo
muito difícil, lembre-se que mesmo um pouquinho de progresso nesta direção já
será, em todos os sentidos, algo de muita relevância para nossas vidas.
Faça
aquilo que te cabe, siga o caminho que lhe é
adequado cuidando para que os desejos não mudem a diretriz, via a sua vida com plenitude e aprenda a aceitar e a curtir
sua trajetória. Eu lhe desejo uma boa caminhada.
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