Sobre o professor: Ser professor é ter paciência para ensinar o que sabe e humildade para aprender o que ainda não sabe. O bom professor é aquele que consegue entender a natureza de seu aluno e a maneira mais adequada de alcançar seu íntimo. Ele reflete antes de agir e age de acordo com o que o aluno necessita, e não como lhe é mais conveniente.
Sobre o aluno: O aluno é aquele que consegue se esvaziar daquilo que sabe e abrir seu coração para o novo. O bom aluno reflete e questiona o que lhe é passado, entende em seu intimo o que lhe foi ensinado, codifica para si esse ensinamento e o coloca em prática.
Sobre a relação aluno-professor: O professor conquista o verdadeiro respeito do aluno tentando viver o que ensina. O aluno deve conquista o verdadeiro respeito de seu professor tentando aplicar o que lhe foi ensinado. Nessa relação o professor aprende a cada dia como ser um melhor professor para seu aluno e seu aluno a ser um melhor aluno para seu professor.
Na relação sadia, ambos se respeitam e se cuidam. O professor é um aluno que ensina, por esse motivo não há por que se achar superior ao aluno. Também por esse motivo o aluno não deve se achar inferior ao seu professor. Nessa relação ambos aprendem.
Uma história...
Um dia TKV Desikachar nos contou como conheceu o famoso pensador e filosofo indiano J.Krishnamurti (1895-1986). Talvez não seja do conhecimento de todos, mas Krishnamurti possuía interesse em Yoga e mantinha uma prática regular de āsanas. Esse interesse o fez procurar a orientação do renomado professor de Yoga Krishnamacharya, que residia em Chennai, cidade ao sul da Índia onde Krishnamurti vivia por alguns meses do ano. Ficou combinado então que Krishinamachary iria instruir seu filho, o então jovem Desikachar, para dar aulas ao Krishnamurti.
Desikachar era jovem e havia começado a dar aulas de Yoga recentemente. Além disso, sua idade na época coincidia com os anos que Krishnamurti já tinha se dedicado a prática de āsana. Para maior desconforto do novato professor, ele havia sido instruído por seu pai a dizer para Krishnamurti que sua prática estava inadequada e ele iria ter que abrir mão de tudo que fazia. A prática nova que ele trazia era bem passiva e nada se parecia com a antiga, a qual inclui posturas avançadas como invertida sobre a cabeça.
Um tanto receoso Desikachar transmitiu as palavras de seu pai a Krishnamurti. Para sua surpresa ele recebeu como resposta as doces e sinceras palavras: o senhor é meu professor, eu farei tudo que você disser.
Outra história...
Kausthub é filho de filho de Desikachar. Sempre com muito humor, ele contou a nossa turma como devemos procurar por um professor. Segundo ele, devemos estar muito atentos e mantendo sempre nossos dois olhos bem abertos para sabermos de fato quem é e como esse professor trabalha. Quando finalmente tivermos a certeza de ter achado o professor que estávamos procurando, podemos enfim fechar um dos olhos. No entanto, por garantia, mantenha o outro sempre aberto!
No dia em que ele acabou seu curso as pessoas se levantaram e começaram a aplaudi-lo. Surpreso com nossa atitude, ele pediu que parássemos de aplaudir e disse: por favor, não fechem seus olhos.
Que lindo, professor!
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